terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Yeshua

Me hipnotizei diante de ti como um observador de estrelas!
Olhei sua imensidão ante o vasto universo e o infinito de possibilidades que ele nos reserva!
Observei o tempo e notei sua inexistência! Passado, presente e futuro, tudo no agora, no presente momento. Somos eternos quando notamos esta ínfima verdade!
Notei que quando sofro, tua presença é incontestável. Mas estou tão ocupado pensando somente em mim que me esqueço de ti!
Tenho tido batalhas árduas, tenho preferido ficar sozinho, embora a solidão doa! Mas é quando estou só, nesta cidade que me sinto bem acompanhado: por você!
Deixei a badalação, as noites intermináveis, o centro do palco e, me sentei à platéia para admirar o que chamam de espetáculo. E para mim se tornou em uma divina comédia, com seres limitados achando-se melhores uns do que os outros, por causa de poder econômico, e alguns outros vivendo vidas que não são suas, mas se sentindo o centro das atenções!
Larguei o sexo e me encantei pelo amor em suas múltiplas facetas, o carinho, a ternura e cumplicidade, mas não desprovidos da libido, da sede de sensações trazidas pelo sexo e, o descansar no peito, sentindo o coração palpitar, trazida pelo amor!
Contemplei a flor e vi se aproximar uma borboleta!
Ante tudo isso me veio a palavra esperança, que foi trazida no sorriso de uma criança.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Princesa Sarine!


Três coisas agora embalam meu espírito, este espírito infantil, de tamanha simplicidade que somente quem o conhece é capaz de sentir em mim a pureza das coisas sutis de um derradeiro dia! Quem sabe seja eu mesmo tendo encontrar isto em mim!Minhas três pedras preciosas, meus três mistérios subtendidos: Músicas, estudos e você! Ando agoniado pois o estudo é base de minha vida, e como ando me sentindo sem saída para prosseguí-lo da maneira que sempre planeijei... fazer o que planeijei... sinto nauseas de decepção, e em minha psiquê, sinto-me o mais irrealizado dos mortais.A música é o que me aconchega quando estou assim, embora ela também contribua para que perpetue este meu letárgico estado, ela me salva e me mata, ela é o vinho e o veneno. Algumas palavras me tocam tão profundamente, que é como se estivesse frente a frente com o compositor, olhando-o nos olhos, enquanto de seus dedos goteja o nectar dos deuses, que será transformado em canções.Você! finalmente você. Você é se incrível, especialmente incrivel e acredito que meu limitado vocabulário não seria suficiente para descrever, que quando olho nos teus olhos toda a imensidão do universo se limita ao nada, ao insiguinificante.Mas você não é minha, queria muito que o fosse, mas não pode ser!Sua doçura encanta minha alma, e sua carinha de mimo, faz doer meu coração!Doer sim! por que eu sei que não poderia dá-la tudo que gostaria, uma vez que a eternidade não se resume em somente 24 horas ao teu lado!Embora 24 horas seja o íniciodo do que se torna eterno! e para as borboletas, 24 horas é tudo o que elas têm!Ah! como eu queria, ter me jogado em seus braços e sentindo o tempo parar, mas amanhã o mundo giraria novamente, e cada um de nós estaria em uma parte do universo, desejando o ontem!Cultivando rosas em um asteróide.E isso nos faria sofrer, não sei quanto a você, mas a mim sim! Sentiria muito falta do perfume, do olhar, do toque, dos cabelos, do sotaque, do aconchego, de te olhar nos bastidores antes de uma festa! e não tenho andado suficientemente forte para dar a volta por cima, e saber que isso é normal na vida, então, defender-me é a melhor coisa que faço, e foi o que fiz! O depois de amanhã me pertencerá! Seria ótimo compartilhá-lo com você, mas o que temos é o hoje, algumas fotos, e as lembranças de um dia vestido de saudade viva!A princesa continua dona de um reino encantado, a porta está trancada, as chaves estão no seu bolso, e faça-me o favor de não perdê-los, nem as chaves e nem o encanto!Pois se a decepção vencesse seu sorriso, eu seria eternamente infeliz!
"Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem promeiro se tornar cinzas?"

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O que está se passando nesta cabeça?

Ele fora surpreendido àquela manhã com uma ligação de alguém que há muito não ouvia a voz. Outrora foram companheiros de moradia, mas o destino fez com que se separasse, assim como o fizera com muitas outras coisas as quais tinha apreço... De algumas se separou de outras se perdeu.
Recebia cartas de um amigo o qual, poderia dizer com certeza se tratar de um AMIGO, mas não as respondia.
A saudade batia, aumentava a cada dia mais e mais...
Sentia-se perdido, e a vontade era correr aumentando, os dias se perpetuando, tudo se parecendo tão grande, mas ele se sentia tão pequeno, precisava rever os conceitos, ser menos extremista, menos orgulhoso, menos dramático, menos pessimista, menos tudo, mas este estado de diminuição das coisas também o assustava, já que para ele, ele próprio já se tornara menos.
Sentia falta de alguém que pressentia nunca mais possuiria, mas tudo bem, se contentara em não tê-la.
Não que se sentisse feliz com esta certeza, mas pra quem não tinha mais vontade para nada, menos uma coisa, seria mero acaso.
Morrer não lhe era conveniente, pois a vida também não lhe dera a certeza de uma melhor existência posterior.
Ele não caminhava, ele se arrastava, e arrastar não era e nunca fora, um princípio vital humano.
Viver, viver e viver.. era o que rugia em sua alma, era o que implorava seu coração!
Queira sorrir, mas as pegadas de seu passado não se apagavam, e em sua cabeça doentia o medo de errar, o medo de desistir, o medo de não ter, e a saudade, a saudade do cheiro dos cabelos, das ruas percorridas, dos gestos feitos, de todas as palavras ditas, de tudo e todos. Para ele era o fim, a cada dia sentia se aproximar o final, fitando-o os olhos com mais vida do que ontem!
Lágrimas! Lágrimas eram gotas de chuva que transpareciam a tristeza do seu coração!
Nunca fora tão triste, nunca suas atitudes pesaram tanto em sua alma, nunca tivera tantos medos, nunca fingira tanto que era feliz, nunca mentira para si mesmo, nunca quisera, tanto quanto hoje, saber quem ele era, perdera sua face.
Ouvia a canção que para ele não se tornaria realidade: ”um telefonema bastaria, passaria a limpo a vida inteira...”. Mas pra que um telefone? As pessoas têm que ser felizes, e se ninguém, além de si, era culpado por aquilo que ele se tornara, por que tirar-lhes o direito do sorriso, do vento na face, dos cabelos esvoaçantes, do olhar perdido em meio a penumbra da noite, ao observar a lagoa? Não era justo!
A vontade de atirar contra a própria cabeça era imensa, mas tinha medo da dor, medo do cano frio tocando-lhe a tempora. Não gostava de imaginar a necropsia, as pessoas ao redor do caixão, odiava aquelas imagens de morte em sua cabeça..
Tivera uma idéia: Iria desaparecer! Assim poderia morrer sem que ninguém o velasse, ou chorasse sua partida, pois estariam esperando seu regresso, um retorno que jamais aconteceria. Sem dor alheia, sem choros, sem culpados, sem vítimas... fora assim que escolhera partir, em meio a um campo esverdeado, de uma zona rural distante, em um país desconhecido, onde somente ele e a lua foram testemunha de sua desgraça! Em seu coração, ninguém sabe se brotara uma flor de alegria ou uma lágrima de tristeza, pois ele jamais regressara para contar o que havia depois da morte, e nem sequer souberam que ele havia morrido, para chorarem sua partida.

"às vezes não só a morte é responsável por nossa partida.. às vezes estamos ali, mas ja partimos faz tempo"

"Quando descobri Que é sempre só você Que me entende Do iní­cio ao fim.
E é só você que tem A cura do meu vício De insistir nessa saudade Que eu sinto De tudo que eu ainda não vi."

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Memórias de Um suicída

Aqui jaz um corpo sem vida..
Seus demônios o devoraram.
Não se pode imaginar por quais belas paisagens ele cavalgou em seu cavalo imaginário,
ou ao menos quanto sonho teve, e por que pôs tudo a perder.
Por acaso quem o chamaria de covarde?
Não ousem!
Pois a maior coragem é desafiar a incerteza da continuidade da vida, e ele o fez.
Deixou de existir, em um sábado à tarde, ouvindo um velho disco da banda “Nenhum de Nós”, tendo como faixa sua canção preferida: "EXTRAÑO". Se foi sem temer a possibilidade da incerteza.
Deixou de viver sem pensar em seus amores, não se deu a oportunidade de amar novamente, pois o que tinha lhe foi suficiente e eterno enquanto durou, quem sabe teve amor a tudo, menos a si mesmo?
Com sua partida, a eternidade se tornou poeira, lançada ao vento
Tudo se foi, e ele também.
Dias antes o disseram que chorariam sua partida, argumentaram para que não cometesse tal ato, mas como ele não vira sua chegada ao nascer, também não veria a desconsolo daqueles que por ventura vissem sua partida.
Morreu por amar, morreu por sonhar, morreu por se perguntar, morreu por não se encontrar.
Morte, morte, morte... Tão digna de atenção, que se torna remédio para as dores da alma.
A nostalgia da vida, a desilusão, o fez enfermo, buscando no Doutor dos moribundos, a receita para sua cura.
Talvez se tivesse plantado uma árvore, escrito um livro, se casado, tido filhos, tivesse se salvado deste cruel destino. Mas ele não queria que tivesse sido assim, mas tinha em si a certeza, que a morte é conforto dos mortais, e que mais cedo ou mais tarde seria confortado pelos braços da verdadeira mãe, aquela que pacientemente lhe esperava regressar à gênese.
Entre seus pertences foram encontradas poesias, papéis avulsos que se perderam juntamente com sua vida, mas que o fizeram romper as barreiras do tempo e do espaço, afinal a alegria do poeta é sua tristeza, pois é somente após a morte que ele encontra a eternidade, que reconhecem suas letras, suas angústias, suas aspirações...
Na lixeira se perdeu seu último escrito, uma pequena folha amassada, com letras em dourado. O conteúdo não dizia a quem se destinava, mas era notável pra quem soubesse enxergar nas entrelinhas:
"Hoje quero dizer que olhei para as estrelas, e pude observar nelas o seu rosto, vi em cada uma as sardas do seu rosto, e na vasta escuridão do universo, seus cabelos... Uma brisa leve veio tocar-me a face, enchendo-me as narinas com seu perfume. Que saudades de você! Quero que saiba que aconteça o que acontecer, jamais irei te esquecer! vou te levar comigo dentro do meu coração. Toda dificuldade que você me fez vencer! Um natal de estudo, solitário, mas com uma mensagem de felicidades deixada por você! Apogeu e decadência, guerra da contradição. Nos teus braços eu encontrava a paz, me sentia mais especial, mais seguro... Mas tudo que começa um dia acaba, e tivemos um fim! Tudo bem! foi Deus quem quis assim. Só peço que ele te proteja, onde quer que você vá! Eu de onde estiver, estarei satisfeito de poder te observar, não feliz, mas satisfeito por te ver brilhar, por que eu aposto em você, eu acredito em você! Serei seu anjo da guarda, sem por todo tempo poder estar ao teu lado! Desculpa se não fui perfeito, gostaria muito de tê-lo sido, mas não sabemos do nosso destino. Os mistérios do universo são assim: uns nascem para serem felizes, e outros para observar a felicidade com uma lágrima, não de tristeza, mas de pura admiração e contemplação, por ver o sorriso de quem se ama. P.S Eu te amo"
Ao terminar de ler a carta, os olhos de sua mãe, que a encontrara, marejaram de lágrimas, lembrou-se de como seu filho era sensível, o quanto era doce e carinhoso, não entendia seus motivos, mas apenas silenciosamente respeitava-os, embora não sem dor.
Encaminhou-se então para o canto da sala onde se encontrava o belo piano, que com maestria ele tocava, e em meio as lágrimas pôs-se a dedilhar uma bela sonata de Frédéric Chopin – Nocturnos Op. N°2 en mi mayor -, se entregando à nostalgia daquilo que jamais voltaria, juntando-se a um mundo de ilusões e incertezas, do qual seu filho agora fazia parte.
A velha senhora foi encontrada pela manhã, com a cabeça prostrada sobre as teclas do piano, e sobre o colo, molhada de lágrimas. A carta a qual seu filho escrevera destinada a que não se sabe, mas no funeral, onde foram sepultados lado a lado, mãe e filho, uma jovem branca de cabelos negros chorou compulsivamente na leitura da carta de letras douradas, aos que puderam ver, disseram que ao lado dela uma forte luz branca acariciava seus cabelos e consolava seu choro.

"O que eu sinto a respeito de nós é estranho É estranho como é triste É estranho como olhar pra trás É estranho como é estranho Esquecer um nome
Eu amei e acho que algumas vezes Ela também me amou Só que o prazer é tão curto Eu amei e acho que algumas vezes Ela também me amou Só que esquecimento é tão longo"

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Papéis Avulsos

Ela parece demonstrar-se arrependida, parece querer voltar... e de certo joga para cima de mim alguma responsabilidade deste fim, alguma que por ventura não sei qual seria!
Sei que não sou perfeito, e minhas maiores limitações, apareceram quando eu tentei o ser!
Tudo que se inicia é carregado de planos futuros, mas os problemas passados não deixam de existir.
Se por acaso em algum instante, você me denominou como sendo um sonho, então por que não atendeu o telefone quando te liguei? Por que não me mimou pelas diversas vezes que te mimei? Não me venha com falsas desculpas, pois será que sua melhor amiga também seria tão falsa quanto suas desculpas? Por que não largou este seu telefone que incessantemente não deixava de tocar? Parecia fazer questão de que ele estivesse perto de você, afinal, não poderia perder nenhuma ligação. O que me espantou e chateou, foi exatamente eu te ligar e depois vir me dizer que não estava com o telefone por perto, mentira! Odeio falsidade, e os sorrisos que deveriam ser belos, têm a capacidade, com a maior naturalidade do mundo de se tornarem falsos.
Acho que você não perdeu nada de insubstituível em sua vida, e nem muito menos eu na minha. Há certo tempo atrás, aprendi que as pessoas podem ser inesquecíveis, mas insubstituíveis jamais. É dolorosa esta descoberta, pois o preço que se paga é alto demais, equivale ao sonho, ao coração, à alma.
Não desprestigiei tudo o que você teria vivido antes de mim. Muito menos, esperei ser a cura para todos os seus males, um placebo em sua vida, a final, queria um ser humano, e não uma deusa ou santa, mas somente alguém que fosse respeitosa e fiel ao que eu sou, e isso é indício de reconhecer um valor, e valor a gente descobre, não pergunta.
Talvez eu não seja tudo aquilo que imaginava que, talvez eu venda uma ilusão sobre a qual edifiquei minhas bases, e no fim não seja nem metade do que disse ser!
Ou por você não ter me descoberto, eu tenho por conseqüência, me perdido!

“perdoar não é esquecer, é lembrar sem mágoas”

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A morte da liberdade



A cela de pouco mais de 20m², fora por oito anos o único lugar que pode chamar de lar. Peter sabia que aquela agonia já estava chegando ao fim, sua sentença havia sido proferida há uma semana, e na manhã do dia seguinte, exatamente em um sábado, às 21:15 da primavera de 2010, Peter não passaria de só mais uma estória que seria esquecida, no minuto seguinte à sua execução. Ele adorava os sábados e principalmente a primavera, embora as únicas flores que lhe fossem visíveis, eram aquelas vistas nas fotos que guardava em seus pertences. Resolveu passar aquele dia revendo as fotos, os sorrisos, os cabelos ruivos semi encaracolados, de sua namorada Lindsen. Ele observava tudo, como se estivesse revivendo aquele momento mais uma vez, como já fizera tantas vezes ao longo daqueles oito anos de agonia; Via o rio atrás do casal que conversava com amor, relembrava do cheiro daquela época do ano, do gosto do beijo de Lindsen, de como se amavam... aquilo lhe trouxe uma nostalgia, saudades de tudo que ficou para trás e que ele tinha certeza de que não voltaria a existir jamais, pois Lindsen estava morta e, ele também! Lindsen fora o motivo de sua condenação, uma condenação errônea, pois ele jamais despedaçaria a flor que mais cultivara, que tinha mais amor, que havia cuidado com mais zelo... Mas o júri não entendera assim, e proferiu a sentença: Condenação à morte!
Envolvido em seus pensamentos, ouviu alguém chamar-lhe à porta da cela, era o carcereiro.
O carcereiro era um homem bom! Um senhor de 70 anos, calvo, um pouco gordo, com 04 filhos para criar sozinho, pois a esposa o trocara por um homem mais jovem e rico, nunca mais dando notícia alguma... Aquela fora a única amizade que Peter cultivara naquele local, e agora, mais uma vez ele o chamava, talvez pela última vez. Ao chegar próximo às grades, o carcereiro o entregou as escondidas, um papel dobrado e o perguntou:
- Qual é seu último desejo?
Naquele instante Peter não sabia se chorava ou ria de desespero, era hilária aquela pergunta.
Tinha vontade de dizer que seu último desejo era: a vida!
Aquilo lhe parecia absurdo, pois o que mais alguém pode querer quando sabe que irá morrer? Não seria a vida, o ar, correr, pular, sumir para qualquer lugar onde não te encontrem, onde se sinta a brisa leve tocar seu rosto, o perfume da relva molhada enchendo suas narinas?
Por alguns instantes ele exitou em responder aquela simples pergunta, mas que para quem tinha seu tempo contado, fazia toda diferença!
Olhou para os olhos do carcereiro, que transpareciam, tristeza e compaixão! Peter não entendia como aquele homem poderia portar-se daquela maneira diante da situação, ele já devia ter feito aquela mesma pergunta para dezenas de pessoas! Olhando para suas mãos, viu o papel dobrado que lhe havia sido entregue, imaginou se tratar de uma espécie de manual de conduta para sua execução, revolveu deixar para lê-lo depois!
Novamente Peter perdeu-se de si mesmo, abaixou a cabeça, e se entregou às milhares de recordações que haviam o transformado no que ele era naquele instante, e assim, em um sussurro, balbuciou:
- Meu último desejo é simples! Pegue aquele banco e se sente próximo a mim como amigos na mesa de um bar, onde se tornam heróis e vilões, e aquele é seu campo de batalha, onde é tão fácil vencer sem lutar. Quero te contar minha estória, aquela que daqui há algumas horas, não passará de um epitáfio em uma lápide gélida!
Os homens se sentaram: Peter na cama, a qual por aquele anos fora testemunha de seus sonhos de liberdade, uma porta para fora daquele cárcere... O carcereiro puxou um banco de metal e se sentou de frente para ele. Conversaram por horas! Peter contou-lhe sobre suas travessuras de criança; sobre o cheiro da comida de sua mãe; sobre o primeiro beijo na namorada; sobre quando caiu de bicicleta e ralou o joelho, seu pai veio louco pegá-lo no colo, para aconchegá-lo, protegê-lo; falou ainda sobre o que de fato havia ocorrido com Lindsen, ela tinha distúrbios psiquiátricos, tendências suicidas e, quando tomou a decisão de ceifar sua vida, não imaginava que também estaria acabando com a de Peter, que fora condenado por Envenená-la! Ele amava aquela mulher, mas quão amargo era o sabor dela ter condenado sua vida, quando a dela ficou tão insuportável!
Finalizou sua estória, com o rosto enterrado nas mãos, as lágrimas que brotavam de seus olhos, gotejavam no chão, sob o olhar perplexo e observador do carcereiro, que saiu sem dizer uma palavra!
Vendo-se sozinho, Peter, caiu em um sono profundo, talvez fosse seu último sonho, seus últimos suspiros, já que para ele a transcendência da matéria, sempre fora visto com desconfiança!
Acordado por duas batidas nas grades, Peter olhou para um homem vestido de preto, e um carcereiro diferente do de outrora, lhe informando que faltavam meia hora para sua execução, e que aquele padre o daria a extrema unção, rezando consigo a fim de perdoar seus pecados.
Peter sentiu-se agradecido, mas sempre se opôs à idéia da fé católica, não só católica, e sim a qualquer tipo de dogma, que para ele era uma forma de domesticar o pensamento do ser humano!
- Senhor me sinto agradecido, mas não preciso redimir de meus pecados. Acredito que não tenho nenhum, pois não vejo pecado em viver! A vida não tem um manual de instruções, então como me imprimir uma idéia moralista de pecado? Não acredito que eles existam, mas se assim o fosse teria errado mais! Reze para Lindsen, para que ela descanse em paz, e para que se existir um Deus, ele possa perdoá-la por não ter tido a audácia de se encantar com seus erros, de rir de sua vida, e não se afogar em um mar de decepções, de amarguras, de tristezas maquinadas pelos padrões morais impostos que a mataram.
Dizendo isso, foi para o único cômodo reservado que havia em sua cela: o banheiro! Ali despiu-se e sentiu a água tocar seu corpo como se fosse a primeira vez; como era maravilhosa aquela sensação, como a água era quente, como o quente era morno, e como o morno aquecia!
Sorriu como uma criança ao tocar todas as partes de seu corpo, se encantou... ele existia, e agora sabia disso, sabia que existia, e existir era magnífico, era tão maravilhoso, era esplendido, nunca parara para apreciar seu corpo, suas formas, tatear suas partes com absoluta atenção, e agora que iria perder-se de di próprio, foi que de fato encontrou-se em si mesmo. Fechou o chuveiro, enxugou-se, colocou o terno italiano que haviam lhe dado para aquela ocasião especial, nunca antes usara terno, ainda mais italiano, não tinha dinheiro para comprar! E agora que iria morrer, a Casa Branca lhe enviara um como se fosse um cartão de agradecimento, por morrer, e não ser mais naquela prisão, um peso econômico para o estado.
A porta da cela foi aberta.
Peter começou a caminhar em direção a saída, mas lembrou-se do papel que o carcereiro havia lhe entregue. Foi até a cama abriu o pequeno bilhete, e deparou-se com uma única frase, uma frase em latim que não lhe fez sentido algum, mas não importava a falta de sentido, pois neste momento, não lhe importava mais os modelos definidos, de que todas as coisas tivessem de ter e fazer algum sentido! Ele fora lembrado por aquele homem, e aquilo já lhe era suficiente.
Então, colocou o papel no bolso do terno que vestia, e pôs-se a caminhar, deixando para sempre aquela pequena cela de prisão que por anos fora seu universo, nem tão grande nem tão pequeno, mas apenas suficiente para si mesmo.
E naquela noite, exatamente às 21:15, do dia 24 de setembro do ano de 2010, Peter, deixou esta vida após 2300 volts percorrer seu corpo, arruinando seus órgãos vitais. Dentro do paletó do terno que vestia, foi encontrado pela lavadeira da prisão, um pequeno pedaço de papel, cujo mesmo estava escrito: “Ad partus ovium noscuntur pondera ventrum”! Ela, assim como Peter não entenderam nada, mas anos depois a História de Peter foi contatada em um livro chamado: No fim é que se cantam as glórias! Escrito por um certo senhor que trabalhara naquela prisão, e testemunhou o último desejo de Peter, fazendo parte do seu universo, e lhe permitindo fazer parte do seu, permitindo ser a única coisa semelhante a Família por aquele, que outrora fora.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Simplicidade


E o que seus olhos viram, outros não verão!
Pois a experiência individual é singular, os sentimentos vividos são unilaterais, e as impressões variáveis de pessoa para pessoa!
Assim como o amor envolve o coração, a experiência envolve os olhos!
No brilho do olhar, é que se encontra a verdade, o afeto, o amor...
Os olhos são as portas da alma, a visão do coração...
São eles que falam aos lábios, quando se esboça um sorriso, ou que sentem a nostalgia da saudade, quando se enchem de lágrimas!
São eles que contemplam o divino, quando dormimos
Eu sou aquilo que toco, não com as mãos mas com os olhos, cada imagem é o que preenche minha existência meu ser, meu coração!
Minhas experiências foram filmadas e transformadas em mim!
Sou fruto do que vi, daquilo que vivi, do que senti!
Dizem as más línguas: que a primeira impressão é a que fica! Então feche os olhos, e o que restará? O silêncio! Você contra você mesmo, e seus incalculáveis demônios!
Mas talvez assim, descubra que levitar é só uma questão de sentir, de entrar em contato! De olhos fechados não poderás julgar pecados, não verá erros, a não ser os seus próprios!
Tudo poderá ser lindo, ou até mesmo, um inferno, vai depender do que olhos cultivaram!
Se esqueça dos ouvidos - eu sei que as palavras doem – mas elas não passam de momentos, lembre-se de tudo que viu e viveu, de tudo que se transformou em sua alma, em você!
Sinta a magia de cada momento! Desculpe os erros cometidos, assim sua alma pesará menos e seus olhos contemplaram a beleza que Deus queria que fosse percebida, quando criou este mundo!


"Não fui, na infância, como os outrose nunca vi como os outros viam.Minhas
paixões eu não podiatirar das fontes igual à deles;e era outro o canto, que
acordavao coração de alegriaTudo o que amei, amei sozinho"

Edgar Allan Poe

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

O vendedor de sonhos

Ele não era livre, tinha uma esposa e um filha maravilhosa, respectivamente chamadas: Bianca e Sofia.
Tinha um apartamento de luxo no bairro mangabeiras, e como todo homem de sucesso, sua BMW chamava a atenção por onde passava!
Psicólogo de renome, adquirira fortuna, convencendo as pessoas de que elas eram melhores do que realmente eram! Ele mentia! Mas fazer o que, descobrira desde cedo que a verdade não deve ser revelada em suas mais profundas raízes. Não chamava aquilo de mentir, e sim, de omitir!
Com um consultório localizado, no prédio localizado na área mais nobre de Belo Horizonte, orgulhava-se do que conseguira, em uma profissão dada por muitos como, “passa fome”.
Não era forte, era magro, olhos atentos ao que acontecia, olhar profundo e penetrante, que escondia mistérios ou ocultava verdades.
Sua rotina maçante, o impedia de dar a atenção necessária que sua princesa e rainha, como ele as denominava, mereciam!
Saia de casa cedo, após preparar, o café, hábito que adquirira desde que se casara, e rumava para o consultório, onde permanecia até por volta das vinte horas!
Inventava reuniões, após este horário, para ocultar a verdade!
Quando então deslocava-se até o café Status, local onde costumava vender algumas utopias!
No auge de seus 35 anos, escondia de todos seus desejos carnais mais íntimos, seus segredos mais sombrios, aqueles os quais costumava execrar, após libertar seu gozo, nas entranhas de suas pretensas vítimas!
Era apaixonado por mulheres mais novas, por meninas, sua faixa etária preferida dos 18 aos 25 anos de idade, vendia-lhes sonhos promissores, prometia-as rios de ilusão, casa, família, viagens paradisíacas, uma aliança de casamento no dedo, e principalmente uma ligação no dia posterior, que nunca chegava!
Ele era assim, Vendia sonhos! Para conquistar o que queria, não que isso o deixasse feliz, mas o desejo era intenso, percoria seus instintos, brincava com sua libidinosa imaginação! Quando voltava a si, estava em mais um quarto de motel, destruindo mais uma vida cheia de sonhos, mais uma mulher cheia de planos, magoando mais um coração, que na iminência da felicidade entregava-se, iludida por suas falsas promessas!
Ele sabia jogar, afinal, jogar era sua vida, era seu futuro era sua profissão, jogar com a psique humana, buscar aquilo que te faz ter os sonhos mais surreais, dizer as palavras que elas nunca imaginavam que pudesse ser ditas a elas por alguém um dia, e assim ele as ganhava, pela fraqueza da maior necessidade humana, o sonho com um futuro afetuoso!
Ele sabia que todos eram fracos, todos tinham fraquezas e, ele não era diferente!
Ao chegar em casa deparou-se com a filha que o esperara, durante toda noite, dormindo no sofá com a televisão ligada, pegava Sofia e seu urso de pelúcia nos braços, e levava para cama, em meio ao trajeto, reparava naqueles olhos fechados, lábios avermelhados, pele branca, cabelos loiros lisos, pendulados para trás junto com a cabeça, imaginava com o que ela estaria sonhando, por que campos corria, quantas vezes ela gritava: “papai papai, vem brincar comigo, me abraça”! Naquele instante, toda a noite de prazer imensurável, e gozos intensos, passavam por sua cabeça.
Colocava sua princesa na cama, o quarto espaçoso, cor de rosa com branco, cheio de ursos de pelúcia, nas prateleiras ... fitava aquele rosto angelical, com amargura no coração, mas assim como libertar as pessoas de suas fraquezas, era seu dom, para si também isso servia como um alívio, pois engolia a seco a saliva, erguia cabeça, beijava a testa de Sofia e deixava o quarto.
No corredor, as imagens da noite o assombravam, e um fantasma interior surgia... um fantasma mais forte do que sua probabilidade de alto convencimento!
Sentia o peito palpitar, um frio tomava conta de seu tórax, lágrimas começavam a brotar dos olhos e um gosto amargo chegava-lhe a boca! Era o arrependimento o mais cruel, aquele quando recordamos da pureza do outro, ante nossas falhas e percebemos que eles não mereciam aquilo, o arrependimento chamado: Culpa!
O corredor parecia mais longo, do que de fato era, quando comprara, na planta o apartamento, as luzes iam se apagando sem ninguém tocá-las, sentia-lhe o suor frio ser excretado por sua derme, foi quando sentiu-se jogado ao solo do chão encarpetado, e nada mais viu ou sentiu!
Dois dias depois, abrira os olhos em um hospital, sob os olhares preocupados, de Sofia e Bianca, não entendera nada do que havia ocorrido, pois a última imagem que tinha era exatamente a do corredor! Observou o médico parar, em frente seu leito, pedir licença à filha e a esposa, para em seguida, quando a sós dizer:
- Senhor, você foi vítima de enfarto, mas já está tudo bem com relação a isso. Mas o senhor também possui um tumor no cérebro, e a cirurgia é impossível, a minha equipe e eu, estimamos que o senhor tem seis meses de vida, e nos colocamos a vossa disposição para o tempo que for necessário.
Ao sair do quarto, o médico pediu que sua família, a linda família que construira, retornasse ... Naqueles poucos instantes, lhe passou o filme de toda sua vida, de todo o tempo que perdera longe de sua rainha e sua princesa, em busca de aventura, de satisfação, e então entendera que sua verdadeira felicidade e prazer, era seu reino: seu castelo, sua princesa e sua rainha!
Quando novamente os olhos das mesmas fitaram os seus, e juntas disseram: Eu te amo!
Ele chorou, e sentiu saudade daquilo que ainda nem vira, e nem veria, por ter perdido tanto tempo vendendo e roubando muitos sonhos, e não realizando nem ao menos os seus!

Uma menina chamada Grazzy!


Graziele era linda, libérrima, uma flor que despontava em meio o sol quente de uma pequena cidade!
Apareceu em minha vida de maneira espontânea, encantando-me com os gestos e os carinhos, tão simples e cativantes, que tocavam profundo o íntimo de meu ser.
Desde o começo, eu estava predestinado a perdê-la, mas não me importava, aprendi a fazer das pessoas seres especiais, não importando o tempo em que passavam ao meu lado, não tenho pacto com o futuro, o presente é o que me satisfaz!
Graziele dizia que queria voar, sair daquele lugar, crescer, estudar, dar bases sólidas à sua vida que se iniciava!
Eu a incentivava com ternura, e via o agradecimento em seu olhar, a fazia rir com simplicidade, para não se esquecer, que a existência tem que ser por inteiro resumida, no primeiro sorriso de um bebê, assim o fazem as pessoas felizes, e verdadeiramente satisfeitas, realizadas na vida!
Graziele era um anjo, um anjo que iria voar, pois seres celestiais, só ficam em nossas vidas até cumprirem suas missões, ou seja, o tempo necessário, para nos encantar e nos relembrar a beleza contida no perfume das flores e no bater de asas de uma borboleta.
Assim Graziele se foi, e pela primeira vez eu agradeci alguém que partia, pelo simples fato de ter estado ao meu lado, sem planos, sem sonhos, sem frustrações, apenas vivencias inesquecíveis, que me encantaram e ficaram para sempre guardadas em algum cantinho da minha memória e do meu coração! Um dia, quando eu for fazer a limpeza de meu porão particular, quando a morte for cerrar meus olhos, e for para junto de meu Pai, irei rever aquele sorriso, que tanto me encantava, e sentirei que em minha caminhada, anjos passaram em minha vida, como sinal da existência de Deus!

“Este sou eu Na esquina, de novo Tudo é tão novo quanto esta canção ?Será que alguém presta atenção?”

Primavera


Na madrugada escura e fria daquela pequena cidade, um beijo profundo e lento, buscava minha alma, como quem tem sede de sonhar! Com olhos abertos, apenas observava com certo distanciamento, o rosto lindo e perfeito daquela menina mulher que ali me acompanhava. Sim, menina mulher! Olhar de menina e espírito de mulher; mulher batalhadora, guerreira, linda e sonhadora... Sem perder, é claro, o toque sensível, e o sorriso encantador, de uma menina.
Trabalhava em dois empregos: um de segunda a sábado e outro de sexta a domingo. Certa vez ao indagá-la do por que de tanto sacrifício na mais tenra idade, ela me deu uma sensata e coerente resposta, digna de minha admiração para toda vida: “para eu conseguir o que quero, preciso trabalhar, não sou como pessoas mesquinhas que tem tudo o que querem e como querem nas mãos, mas também se assim o fosse, jamais me esqueceria de como eu poderia ter sido, não deixaria de ver a limitação que cada um tem na vida, e a incapacidade de trabalhar em um sonho no momento em que gostaria, para vê-lo real”.
Aqueles olhos esverdeados, antes fechados, se abriram e, lenta e carinhosamente, foi descolando seus lábios dos meus, me envolvendo em um abraço apertado, confortador e terno.
Naquele instante senti suas mãos apertando minhas costas e seu rosto vagarosamente aconchegando-se em meu peito, seu olhar se perdera, como que em busca de alguma resposta para algo que se passava em seu íntimo.
Acariciei seus cabelos, sentindo o leve perfume que exalavam, e a perguntei:
- O que foi, me parece um pouco perdida?
Ela fez menção de afastar minha impressão, dando-me uma desculpa qualquer, e eu, como bom expectador da alma humana, não aceitei sua esquiva.
- Até parece que me engana, não tente me dizer que não é nada, sua boca pode até mentir, mas sua energia e seus olhos, jamais!
Lentamente, a sentir esfregar o rosto em meu peito, como se auto-acariciasse...
Sua voz, baixa e calma, então revelou-me o que se passava:
- Sabe... Já tem um tempo que te conheço e, por algum motivo, sinto que tem carinho comigo, mas que não devota a mim tudo que eu sei que você pode dar a uma mulher! Você me parece de gelo, e às vezes, eu consigo liquefazê-lo, mas não consigo libertar o anjo que tem aí dentro, que ainda assim continua em sua prisão! Que fique claro que não estou lhe cobrando nada, por que sinceramente, por menos que me dê, é provido de tanta sinceridade que não imaginava que pessoas como você ainda existissem nesse mundo! Me sinto tão maravilhosa, quando você me espera após o trabalho, levando uma rosa nas mãos, mesmo sabendo que em seu rosto, o sorriso seja de momento, por que sinto que em seu peito, seu coração não se alegra mais de uma maneira profunda e entregue!
Me impressionei com aquela menina mulher naquele momento, talvez não fosse a mulher que falasse naquele instante, e sim sua sensibilidade de menina. Sem palavras para dar explicações a ela, não por não ser detentor de tais esclarecimentos, mas sim por que ela não merecia ver em que meu coração se transformara, se é que ainda existia ali um resquício de batimento cardíaco e, nem muito menos,eu queria lembrar do que havia me transformado em tal aberração!
Mas de certa forma, ela aos poucos ia devolvendo minha alma, me fazendo admirá-la, restaurando-me a capacidade ser como uma criança, que volta para casa dançando e sorrindo sem motivo.Naquele instante, acho, que eu era como uma bebê, que estava reaprendendo a caminhar, e o carinho que eu sentia ao olhar nos olhos daquela menina mulher simplesmente me enchia de alegria, felicidade e gratidão por estar vivo.
A mim que foi concebido o dom, ou desgraça, da descrença em tudo que não pudesse ser explicado por nossa ciência cartesiana, pela física maciça e rígida, começava a refletir sobre, quem sabe, algo maior do que os cálculos, do que a ciência e, me arrisquei a imaginar os planos de Deus em nossa vida, sua forma de agir, mudando nossos caminhos, não sem dor é claro, para locais os quais nunca sonhávamos, nos fazendo conhecer, talvez, a pessoa a qual estávamos predestinados.
- Dedicado a Bruna Mendes -

Noite Liquefeita


Abrindo e fechando algumas páginas na net, após fazer minha inscrição para o concurso de Oficial da Polícia Militar, me deparei com uma página, a qual como almofadas em meio a uma sala perfumada, aconchegava uma carta psicografada!
Interessei-me pelo assunto, uma vez que não ando nada bem, e por mais que tente ser forte, me deparo com momentos de muitas trevas, muitas dores em meu coração e em minha alma.
Choro por horas a fio, penso e repenso em tudo que aconteceu e está acontecendo em minha vida, e nestes instantes me volto a Deus, não com o intuito de reclamar, mas é impossível, ante meu clamor e seu silêncio, não chegar a perder a fé. Peço perdão a ti meu Deus, por não compreendê-lo em certos momentos e até mesmo, excomungá-lo em atos rebeldes, mas às vezes um simples toque de ti pai, alegraria tanto meu coração, afogado em mágoas, tristezas e desesperança. Tudo que quero em minha vida é ter aquela felicidade que brilhava em meus olhos antes de entrar nesta polícia, aquela criança que se encantava com uma borboleta, com o balançar das flores amarelas do bosque, aquele menino que mesmo sem ter aquilo que mais amava, era feliz, por ser ele e saber o valor que tinha; Que rezava todas as noites pedindo proteção à pessoa amada, que não a pedia de volta, mas que se a trouxesse ficaria muito feliz, e se não, estaria da mesma forma feliz. Pai minha cabeça mais parece um emaranhado de tristezas, querendo ser decapitada...
Tem momentos, que fecho os olhos e a única imagem que me vem à cabeça, é de meu sangue pingando no chão, o cheiro ocre vindo da poça originado de meus pulsos cortados, me enche as narinas. Nestes momentos imagino se seria essa a saída, para a libertação, ou se seria um castigo eterno, e me enraiveço contigo meu Deus, pois até para morrer, minha consciência teme que a libertação carnal, seja sucedida de um castigo divino, não entendo como poderia o senhor me castigar pela morte, quando a ti clamo pela vida... Em meus ouvidos só ouço o vento! Como poderá me castigar, sendo que quando apenas lhe peço um aconchego quando vou dormir, e só sinto a cama vazia. Quando tenho alguém ao meu lado, por mais que tente me sentir completo, me sinto uma metade que perdeu por conta própria, seu complemento. Pai! Eu não escrevo mais sobre ela, eu apenas sinto, e repudio o que sinto. Deus há silêncio dentro de mim, e repudiar meu coração, somente me trás uma tristeza e um ódio imenso, tanto para contigo quanto para com todos os seres humanos. Pai, qual é a verdade? Qual é o caminho? Eu lhe pergunto todos os dias, e nada de respostas, até o direito de projetar-me lucidamente, me parece ter sido tirado. Sei que não estou em equilíbrio para que este processo aconteça, mas pai, era a única coisa que me dava certeza da existência de algo após esta vida. Senhor! Tornei-me exatamente aquilo que temia, tornei-me alguém, que somente cumpre seu tempo aqui na terra, rezando para que os anos passem logo, e possa morrer sem ser castigado por ti. Uma pessoa que não tem lugar neste mundo, pois não encontra distinção do que é bom ou ruim, que não sabe onde é bom para estar, por que falta alguma coisa, aquela coisa que me fazia forte, e não sabe exatamente o que era. Sei que preciso ser forte, com ou sem esta coisa, por que eu não posso entregar minha vida nas mãos de algo que não a queira.
Amém


- este txto foi escrito há um bom tempo, só agora posto -


“Só sente saudade quem teve na vida momentos de felicidades! PRESENÇA É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas, teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento das horas ponha um frêmito em teus cabelos... É preciso que a tua ausência trescale sutilmente, no ar, a trevo machucado, as folhas de alecrim desde há muito guardadas não se sabe por quem nalgum móvel antigo... Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela e respirar-te, azul e luminosa, no ar. É preciso a saudade para eu sentir como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida... Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista que nunca te pareces com o teu retrato... E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te. se um dia uma brisa leve e suave tocar seu rosto, não tenha medo, é apenas minha saudade que te beija em silêncio...”Tatiana - Psicografia

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

e aquele menino?


Eu sou aquele menino que se esconde no quarto, em frente ao computador por ter adquirido fobias sociais.
Eu sou aquele menino, que sente saudades do encanto da vida.
Eu sou aquele menino que pensou que a tristeza iria passar amanhã, mas o amanhã chegou e a tristeza continua.
Eu sou aquele menino confuso, que não tem pra onde ir, mas não quer ficar, que também não tem certeza se o problema está nos lugares onde ele vai, ou se com ele próprio.
Eu sou aquele menino, com desejo sexual exagerado, e que se martiriza por isso.
Eu sou aquele menino, que sorri por fora, mas por dentro está aninhadinho, chorando em um canto.
Eu sou aquele menino, que outrora fora visionário, sonhador, ambicioso; mas que perdeu os sonhos, e não encontra sentido para ambições.
Eu sou aquele menino que se pergunta, se terá a mesma honra de Sabino: “nasceu homem e morreu menino.”.
Eu sou aquele menino, inteligente, que as vezes não queria saber de nada.
Eu sou aquele menino, que sabe exatamente como nasce e morre uma estrela, e acha todo este processo ínfimo, ante a possibilidade da correção de alguns erros, e contenta-se.
Eu sou aquele menino, que acredita em Deus, mas já perdeu a esperança nos homens.
Eu sou aquele menino, que tem uma arma, mas que não sabe pra que usá-la.
Eu sou aquele menino, que busca desesperadamente por um contato com seres de outro plano, mas que também os teme.
EU sou aquele menino, que tem todas as respostas, mas ainda assim faz muitas perguntas.
Eu sou aquele menino, perfeccionista, que não nasceu para aceitar nada, mas que tem certeza se assim o fizesse, seria mais feliz.
Eu sou aquele menino, que odeia reclamar e ficar triste, mas acontece, que as vezes é inevitável.
Eu sou aquele menino, que mesmo não sendo complacente com certas situações, admite que não deve reclamar dos planos de Deus e, esforça-se para tal.
Eu sou aquele menino, que sonhava em se casar, ter filhos pra criar, uma casa, um cachorro, uma esposa com o sorriso de menina e cabelos perfumados, mas que não sabe onde pode ter perdido esta incantável ilusão.
Eu sou aquele menino, que brigou quando disseram que ele não sabia do seu futuro, e que seus sonhos pudessem não se realizar.
Eu sou aquele menino, que acha que já amou o suficiente e o que tinha para amar, e ao mesmo tempo seu maior arrependimento é ter conhecido o amor.
Eu sou aquele menino, que sente saudades da avó e do avô.
Eu sou aquele menino, que possivelmente tem tudo o que você queria ter, um emprego estável, condições de ter um carro, de sentar em qualquer boteco sem medo de pagar a conta, mas que mesmo ante isso tudo, abriria mão de tudo isso, pelo simples fato de sentir-se feliz e capaz.
Eu sou aquele menino, que toma ante depressivos e remédios para dormir, com a esperança de recuperar o encantamento, mas que se sente tão fraco por ter deixado de ser forte.
Eu sou aquele menino, que não é mais um menino, mas que sente saudades dos tempos o que fora, da pequena sutileza de se encantar.
Eu não sou mais aquele menino, sou este homem que sente saudades de ser aquele menino.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Angústia


Minha alma tem o peso do mundo! Não reclamo das escolhas dos meus caminhos, embora também não procure explicações para os mesmos. O destino me trouxe até aqui e, de uma forma ou de outra continuo sendo o que sou, um pouco mais lapidado talvez, ou quem sabe um pouco mais entristecido.
Amo a vida, e com certeza, ter medo de perdê-la, é valorizá-la! Não por esperança que ela venha a melhorar, por que quem vive de esperança, esquecesse do presente! Valorizo-a, pelo simples fato, de achar magnífico o frio que entra pela janela do carro em uma manhã nublada, trazendo consigo o cheiro de mato, o cheiro de tudo que está vivo ao redor; Valorizo-a ainda mais, por poder olhar o sorriso daquela menininha da esquina, de apenas sete anos, que se encanta com tudo, e mesmo em meio a toda escuridão que o mundo se torna, ainda consegue criar um ponto brilhante.
Nossa não consigo deixar de me encantar com a vida, me entristece a certeza, de que tem dias que simplesmente quero apreciá-la, mas não consigo sair do lugar. Meu peito dói, dói de verdade! Será que estou ficando louco? Não quero morrer, mas também não sei mais a medida exata do tempero da vida! Odeio ficar assim, estar assim, odeio chorar, e eu choro, choro muito! Tomo remédios para dormir, na esperança que pela manhã eu acorde cercado de ilusões maravilhosas, que não se vão com o cair da noite.
Gostava tanto da noite e dos finais de semana, mas hoje os temo, tenho medo da solidão que trazem consigo! Meu Deus, estou ficando louco? Espero que não! Eu só quero me libertar, me sentir feliz e completo, ou então correr... correr... correr! Mas, poderia correr a vida inteira, mas se eu não soubesse que direção seguir, o que buscar e o que deixar para trás, pouco adiantaria!
Preciso de Magia! Aquela magia dos circos, velhas ilusões que encantam! A magia de Ouspensky, Gurdjieff, Jesus Cristo, Chico Xavier, Dalai Lama, Eliphas Levi, Samael, Papus, Einstein e, muitos outros que poderia citar! O que eles encontraram? O que eles descobriram acerca da vida e da morte? Também quero saber! Quero voltar a estar vivo e não somente viver.


"Quando a morte cerrar meus olhos duros - Duros de tantos vãos padecimentos, Que pensarão teus peitos imaturos Da minha dor de todos os momentos? Vejo-te agora alheia, e tão distante: Mais que distante - isenta. E bem prevejo, Desde já bem prevejo o exato instante Em que de outro será não teu desejo, Que o não terás, porém teu abandono, Tua nudez! Um dia hei de ir embora Adormecer no derradeiro sono. Um dia chorarás... Que importa? Chora. Então eu sentirei muito mais perto De mim feliz, teu coração incerto".

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Mudanças

A nossa mudança é percebida por um terceiro, que também não percebe sua própria mudança, é como a letra! Na primeira série ela é um garrancho, mas mesmo assim as professoras a lêem com estimado interesse... depois com o tempo ela se transforma, toma contornos singelos, traços firmes, quase poéticos, pode se ver na beleza a harmonia do tempo, gotejando lentamente em uma evolução quase imperceptível.Elas já não são mais lidas são sentidas! doces, proféticas, atenuantes e, até mesmo, chegam a dar consolo a quem sente o frio da solidão ou até mesmo de uma confusão quase letárgica, aos diversos caminhos da vida.Seus olhos verdes, junto a voz rouca, usando a desculpa de que trabalhara o final de semana inteiro com o secador de cabelos ligado ante ao cair de uma noite fria, debatendo comigo assuntos relacionados a complexa tarefa compreender as mudanças do ser humano... me seduziam, me encantavam, tocando tão profundamente em mim, que naquele instante, me senti como se voasse pelas nuvens do céu, leve como uma pluma, e voltasse a ser uma criança admirada apenas em ver a beleza das flores e das borboletas!Sim! Seus cabelos pretos perfumados e de pontas cacheadas, entraram em minha memória de forma quase milagrosa! Me tirara de meu estado inacessível, trazendo-me de volta a uma realidade mágica, era mágica, você era pura magia! e eu que não acreditava mais em contos de fadas, voltava a construir castelos de areia..Meu coração em pedaços, como uma menina, sim uma menina! Elas são o símbolo do sentimento terno e verdadeiro! Escondido embaixo da mesa, no escuro, lamentando baixinho, com os olhos molhados de lágrimas... Sorriu naquele instante, satisfeito tão somente em olhá-la e imaginar o que esta magia poderia ser na realidade!

"E a escolha tornou-se ainda mais funda: ou ficar com a zona sagrada intacta e viver dela - ou traí-la pelo que ele certamente terminaria conseguindo e que seria apenas isso: o alcançável. Como quem não conseguisse beber a água do rio senão enchendo o côncavo das próprias mãos - mas já não seria a silenciosa água do rio, não seria o seu movimento frígido, nem a delicada avidez com que a água tortura pedras, não seria aquilo que é um homem de tarde junto do rio depois de ter tido uma mulher. Seria o côncavo das próprias mãos. Preferia então o silêncio intacto. Pois o que se bebe é pouco; e do que se desiste, se vive. " Clarice Lispector - O sagrado e Alcançável

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Catalepsia viva - estado de contemplação da vida, sem distinção

Se pudesse dizer meu mandamento preferido, ou melhor, não o preferido, mas o que guardo com mais afinco, que manipulo com mais destreza, eu diria ser: “não dizer o nome de Deus em vão.”.... não que você seja semelhante a Deus, pois ele é puro e perfeito, pode ser que seja como os anjos, que representam o amor! o certo é que não digo seu nome, me afasto de pessoas que o tenham igual a ti, em minha agenda de telefones, as pessoas que começam com C, foram trocadas por K.
Evito as unhas vermelhas, me incomodam! pois minha ultima lembrança, além das lágrimas nos olhos, foram das unhas pintadas de vermelho, que você nunca havia pintado antes. Nas casas eu só vejo as portas, por que nas janelas não me debruço, e nem deixo debruçarem, temendo ver o reflexo de sua imagem a me olhar indo embora.
O dia de doze de junho, para mim é onze ou treze. Os toques quentes para mim são frios, e o amor, é tão somente sexo, sem significado, sem completude, somente um prazer tênue e limitado. Tudo e nada mudou! As coisas ganharam significados diferentes, pois só descobrir a profundidade de cada toque, cada beijo, cada olhar, cada sorriso, cada instante de amor, cada cheiro... depois que te perdi! E a única esperança, é de não tê-la perdido, prefiro pensar que você tenha me dito: “amor, vou à padaria e já volto”, e eu estou naquele quarto, deitado sobre a cama, olhando suas coisas que têm tanto de você, esperando você voltar. Para descobrir o tudo, tive que não ter nada!
Neste nada que há em mim, neste estado letárgico, catapilético, me encontro envolvo em uma bolha de sabão, que ruma à estratosfera, sem sons, sem contato físico de grande importância, sem chão... é maravilhoso o ato de só observar e não ter discernimento para colocar em palavras e sentir em seu coração o que é real e significante.
Não há certezas, apenas sinto-me como se estivesse somente observando o que ainda virá e esperando... A sensação é de como se acordar pela manhã, com um monte de gente falando ao mesmo tempo ao seu lado, e você sem fixar em algo com profundidade.
Os dias vão se gotejando dos dedos do tempo, e um dia após o outro eu vivo sem entender o que se passa, sem me perguntar o que aconteceu em meu dia, o que preciso mudar, o que foi bom, o que foi ruim... pois não tenho distinção disso! somente sinto que estou vivo, sentindo meu pulso, que indica que meu coração bate, e fico em silêncio em meio ao ensurdecedor grito da vida.
Estou vivo, por uma simples questão: ESPERANÇA! ela me mantém vivo... Se morresse lhe veria todos os dias, veria seu riso sem participar dele, e sabendo que definitivamente não participaria, te veria chorar sem poder te acalmar e aconchegá-la com carinho, veria as noites em que sua saúde não está boa, sem ao menos poder ligar e dizer: pode contar comigo! só a teria após a sua morte, e talvez muito depois, dependendo de como ceifaria minha vida. Em vida, ainda posso ser feliz e completo, nessa realidade ilusória! Morto, não poderia saber o que é a felicidade no que chamam de mundo real.

“...Viver é foda,
Morrer é difícil!
Te ter é uma necessidade..”

sábado, 5 de junho de 2010

Demonios

Manhã amena, a brisa leve entrava pelo vidro do carro que se conduzia a cadeia local, afim de finalizar mais uma manha de trabalho, eram dez da manha e ele ainda nao durmira, seu trabalho exigia isso dele, e até se acostumara com o ritmo com que as coisas aconteciam em sua profissao. Em sua cabeça o pensamento bailava, leve como uma pluma ou como dedos harmoniosamente a deslizar pelas teclas de um piano.
Via a pessoa que era conduzida até cadeia, pelo retrovisor do carro, aquele homem simples, educado, de olhar sincero e honesto… olhando a pastagem esverdeada e o cheiro que chegava ao seu olfato, vinha a mente os demonios, primeiramente pensara em sua ex-namorada que sempre achara que quando ele deixava de te ligar em horarios costumeiros, o mesmo em sua maioria das vezes estaria festejando… e neste instante sorriu pelos cantos dos labios, nao um sorriso, de contentamento, ou felicidade, era mais uma magoa que se revelava, seu interior triste sempre repreendido por ele, que vinha a tona naquele instante… se ela soubesse o quanto era dura sua vida, talvez o visse com outros olhos… mas ele prefirira se convencer de que nao tinha mais importancia, e espantou a imagem daquele rosto, cebelos, sorrisos e cheiro, para longe.
Como o vento o pesamento rumou para uma nova direçao, veio a mente a imagem de lucifer, um demonio, e se encantava com aquele ser; concluira que ate os demonios eram bons, eram seres cuja identidade fora deturpada pela igreja catolica ante sua ignorancia e falta de analise concisa;
Os demonios dao aquilo que pedimos a eles, nao antes de pedir permissao ao criador de tudo e de todas as coisas, se quisermos algo bom, o teremos.. se quisermos algo ruim o teremos do mesmo jeito; os demonios nao estao interessados em espalhar a Discordia e o mal por este mundo... para que iriam fazer isso, se nós ja fazemos! Se existe um demonio perigoso, mal, com beleza em sua face, e maldade em sua mente, este sao os homens!
Pois os seres espirituais, trabalham de acordo com suas vontade e ordem humana, logo o caos e a maldade é apenas uma semente plantada pelo limitado homosapiens e suas açoes egoistas, vaidosas… impensadas, que busca no demonio, uma forma de se livrar de sua propria culpa. Nao existe o bem e nem o mal, para as entidades espirituais, essa distinçao é de obrigaçao humana!
Naquele instante, perplexo, voltara a si, e sorrindo, agradecera seu mentor espiritual, por aquela intuicao acerca da espiritualidade e do ser humano. Contentara-se por ser ele mesmo, e apesar dos erros que ja cometera nesta vida, sabia que todos foram necessarios para o levarem a um patamar mais alto, nao que estivesse completo, fosse completo, por que viver é evoluir, e uma evoluçao onde o principal combustivel moto-propulsor, sao os erros. Ao menos de cara limpa, nao procurava culpar e nem coroar os seres espirituais, por seus exitos e fracaços, apenas os agradecia por manter o equilibrio.
``sabe porque nao nos lembramos de nossas vidas passadas? É simples, pergunte-se quantas coisas nesta vida voce gostaria de se esquecer.``

domingo, 9 de maio de 2010

Necropsia

Ele estava ali, tinha certeza que naquela sala me depararia com um cadaver, e nao tinha certeza de qual seria minha reaçao, nao que tivesse medo, pois nunca tive medo desse tipo de coisa, mas somente imaginava como reagiria, qual seria o pensamento que teria ali.
Adentrei ao local, e me deparei com tres homens, um sobre uma mesa preteada, cadaver do sexo masculino, pele faioderma, dentiçao natural em bom estado de conservaçao, cabelos cortados, barba por fazer, tendo por volta de um metro e oitenta; os outro dois manipulavam aquele cadaver com destreza e indiferença.
Eu, parado no meio da sala, observava o procedimento com o maximo de atençao, podia perceber na cavidade toraxica aberta, o tecido adiposo, o intestino, pulmao, pancreas figado…
De souslaio, e com um tom zombeterio, o auxiliar de necropsia, me olhou pelo canto do olho, retirando o coraçao daquele individuo, e disse: esse nao bate mais.
Naquele instante, acho que se decpcionou um pouco pois acreditava que me espantaria com seus dizeres, mas nao, eu estava tao frio quanto ele, e observava todo procedimento com um misto de admiraçao e graça… mas por dentro algo acontecia, imaginava como éramos capazes de fazer aquilo com nosso semelhante, acha uma falta de respeito, uma mera vaidade para atender nossas curiosidades.
Olhava aquele homem que naquele instante jazia sendo costurado pelo legista, e pensava, na verdade dentro de mim ria, com a insignificancia de nossa vida, imaginava aquele homem andando, tomando uma cerveja, rindo com os amigos, com sua familia, querendo ser rei, ganhar na mega sena, os sonhos que teve, e ainda tinha, quem ele feriu, e se arrependeu, quem ele tinha esperança e mantinha a fé de que o faria feliz, retornando … tudo se acabara, se encerrara, todos sonhos se tornaram insignificantes ante a ausencia da vida!
Ficava pensando o quanto somos mesquinhos, e nos iludimos com as imposiçoes de poder, e vaidade que queremos mostrar para a sociedade, me veio a cabeça alguem dizendo, eu sou isso, sou aquilo, faço assim, nao perdoo, nao esqueço, meus inimigos vao me pagar… e neste instante eu senti o que era a vida, vi o quanto perdemos tempo, com nossas futilidades, nos deixando levar por toda ilusao, do dia a dia.
Mal nescessário? Talvez! Mas nao podiamos ser mais humildes e reflexivos, com o que realmente importa, com o amar e ser amado, com a caridade, com a busca por amenizar a dor do próximo, suas angústias, seus medos… Tudo o que nao nos traria retorno finaceiro algum, mas enobreceria nossos coraçoes, enriqueceria nossa alma.

``Concedei-nos Senhor, Serenidade necessária, para aceitar as coisas que não podemos modificar, Coragem para modificar aquelas que podemos e Sabedoria para distinguirmos umas das outras.’’
Reihold Niebuhr

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A pele, a flor e o amor!

O quarto iluminado a luz de velas dava um toque de romântico ao local, os móveis rústicos, sobre a escrivaninha um vinho tinto suave, e duas taças...
O ambiente ecoava amor e prazer, ao som de Erick Clapton, eu via você, parada em frente a parede branca, com o rosto iluminado pelas chamas das velas que dançavam no silencio, daquele instante.
Seus lábios macios semi-abertos, com um sorriso terno disfarçado, entre os cantos da boca, me fizeram aproximar e sorver o resto do vinho que os molhava.
Minhas mãos tocavam firme e carinhosamente seus braços distendidos pelo corpo, ao sentir minha respiração em sua orelha, pude perceber que seus olhos se fechavam, seu coração em batimentos acelerados, talvez por ânsia ou medo do que poderia acontecer a partir de então, tudo me envolvia em um laço terno de satisfação por estar ali, com aquela mulher.
Toquei seu rosto e lentamente aproximei-me de seu pescoço, sentindo exalar o cheiro de seu perfume que tanto me encantava e seduzia... Nossa! ao toque de meus lábios sua pele oriçou-se como se seu espírito quisesse sair para presenciar o belo momento que transcorria, e sentir humano ao menos uma vez em toda sua eternidade.
Sentimento, desejo, pudor, amor! A pele cheirando flores, acordes dissonantes de uma perfeição.
Delicadamente fui retirando sua blusa, revelando os belos seios que um dia alimentaria uma vida que mais cedo ou mais tarde viria ao mundo, e naquele instante bebi daquela fonte divina.. toquei levemente com a boca, passando a língua pelas aureolas, sugando como uma criança os bicos de seus seios ternos.
Minhas mãos pareciam querer abrir a pele, com a ponta dos dedos arranhava seu corpo, esperando encontrar algo eterno deixado por Deus em seu interior, sua alma! Delicadamente beijei seus lábios, em um beijo envolvente e de completa satisfação por estar vivo! Como quem investigava um mapa, esmiucei seu pescoço em meus lábios, descendo lentamente, por seus seios, barriga e Umbigo...
Lentamente retirava a única parte que faltava para revelar-me um anjo esculpido por Deus, em sua mais pura forma, nua como veio ao mundo, pele de neve, quente como o desejo de prazer e carinho que envolvia aquele instante..
Beijei seu púbis como se beija uma criança recém nascida, sentia seu colo como se deitasse no colo de uma mãe a procura de afeto.
Eu que não acreditava em contos de fadas e muito menos em anjos, naquele instante perdia todas minhas certezas do que era real e lógico ä mente humana, para me entregar a uma partícula divina e mágica, dada aos homens por pura misericórdia... o amor!
Nos amamos como se fossemos um só, como se quiséssemos fundir nossos corpos num segredo completo, nos tornando uma só alma! Dormimos ali mesmo, jogados ao chão, abraçados, completos, extesiados por estarmos tão perto de Deus em nossa completude.
E pela manhã, quando acordei, ao te observar dormir, a certeza do que se dera foi ainda mais intensa ao ver o sol reluzir por detrás de seu rosto quando abriu os olhos, em um desejo de Bom dia.