quinta-feira, 22 de maio de 2014

Fulgacidade da vida e efemeridade do tempo

A vida é algo muito estranho. Seria ela um fenômeno, uma oportunidade ou um milagre? Não há como defini-la com precisão.
Certo é que nascemos e, de pequenos pedaços e breves momentos vai se fazendo nossa história, nosso caminho e para os mais crentes, nosso destino.
Encontramos e desencontramos pessoas. Chegamos e nos despedimos de lugares. Beijamos, transamos, nos apaixonamos, morremos e renascemos de amor.  Bebemos, conversamos, rimos muito, perdemos o juízo e o recuperamos.
Temos momentos ruins onde tudo parece uma verdadeira merda e nada faz sentido, não conseguimos enxergar as pessoas lindas e maravilhosas que no cercam e se importam conosco naquele instante, mas elas não se incomodam com nossa momentânea falta de senso, elas só querem estar ali, nos acolhendo e aconchegando.

Mas um dia tudo passa você melhora e percebe que daria a vida por elas. Percebe o quão grandiosa é a trama da vida, a qual te cega e decrépita sem que ao menos note. E a velha teoria de viver intensamente, nada mais é do que uma balela para que não saibamos que nunca viveremos o suficiente de cada momento, que jamais sugaremos a essência em sua completude, e a única coisa que nos consolará serão as lembranças com um gosto de saudade e vontade de reviver aquele instante de maneira melhor e um pouco mais profunda que outrora. No entanto, todos momentos são infungíveis e irretornáveis.


terça-feira, 29 de abril de 2014

Se pudesse juntar o mundo inteiro numa caixinha de fósforo, assim faria!
Iria onde quisesse, no momento que quisesse e voltaria depois que sentisse falta, ou que minha ausência fosse sentida por alguém.


Se pudesse fazer algumas coisas diferentes, assim o faria! não sei o que mudaria, mas algo mudaria com certeza! Quem sabe mudasse a forma que fui visto por algumas pessoas, ou alguns momentos de insanidade e escuridão!
Talvez fizesse uma reforma completa, mas isso implicaria numa perca de identidade!
Aguaria as plantas para o papai, tentaria pela décima segunda vez conquistá-lo!
Capinaria mais uma vez o quintal para a vovó! - Como eu te amo!-
Deitaria embaixo da laranjeira por mais vezes, acariciando meu chachorro, "piano", o qual descançaria a cabeça sobre o meu colo!
Não desprezaria a beleza e leveza do tempo, não apagaria as marcas!
Não seria eterno, pois não se vive de eternidade!
Viver é experimentar! Errar, se chamar de burro e depois de tudo, após derramar muitas lágrimas, quem sabe ainda assim sorrir! Pois a dor do amor é prazer, e o riso nada mais é do que um renascer, poético, patético, lento e vigoroso!
Viver é se enganar. Sentir que sua opinão de fato foi precipitada e deturpada!
Eu não me importo com as lágrimas, já chorei muito! Às vezes com motivo, outras tendo as lembranças como único motivo, não aquela lembrança de mágoa, mas a outra, a de saudade!
Eu não me envergonho de errar, mas se pudesse errar novamente, quem sabe acertaria dessa vez?
Amaria mais a mim, e menos ao outro. Mas se assim o fizesse não encontraria novamente o amor, pois não sentiria e desaprenderia a sentir o sentimento de mágoa e tristeza.
No fim de tudo gritaria a todos pulmões: APESAR DE TUDO EU SOU FELIZ!!!!!!!!!!!!!!!






"Veja você que surpreza que coisa incrível, descobri que sou feliz"

terça-feira, 18 de março de 2014

Grandfather

Eu conheci um velho. Um velho que embora fragilizado pelos anos que lhe batiam à porta, sempre se mostrou mais forte que muitos jovens de hoje em dia. Um homem que apesar dos setenta anos, acordava pela manhã e encontrava sua esposa a qual lhe entregava uma capanga com sua marmita e uma garrafa de café. Sim, ela era seu verdadeiro amor, um breve fitar com a eternidade de Eros. Afinal, o homem é o tempo, e o tempo é passageiro, mas o amor é eterno e se dissipa até mesmo em meio as trevas.

O velho saía para o trabalho com pés largos e grossos, sem calçado algum. Ele poderia se entregar ao eterno comodismo dos aposentados, mas apesar de velho, sua natureza selvagem e seu espírito de homem com H, urgiam por ocupar seu tempo. Sob o sol quente, com sua foice ele batia o pasto do patrão ou usava sua enxada para capiná-lo.

À tardinha, como de costume, o velho tomava sua pinga na venda e retornava para casa onde ainda arrumava energia para pescar com os netos, e como eram chatos aqueles netos exigentes de sua atenção. Ele não era de demonstrar com palavras seus sentimentos, mas também nunca precisou, ele amava em silêncio, com o brilho dos olhos... Os olhos que nunca vou esquecer!

Talvez tenha se arrependido quando viu o inescapável amanhã levar sua companheira de tantos anos, pode ter se lastimado pelo silêncio, mas se o fez, também fez calado em seu âmago... Mas eu vi, na melhor forma de sua expressão, no silêncio de suas palavras, através de um olhar perdido. Depois disso ele nunca mais foi o mesmo. Pouco depois o tempo também veio fitar-lhe o olhar e cerrar seus já cansados olhos, levando-o para um misterioso futuro onde a eternidade pode estar somente no pensamento dos que ficaram.
Eu conheci um velho, um bom velho que partiu pouco depois de seu grande amor.

Geraldo Teixeira de Miro, In memoriam.




“... Quando eu crescesse eu queria ser que nem você
Agora eu já cresci e ainda quero ser
Eu tenho a cara do pai e tenho cada vez mais
Eu tenho os olhos do pai e o coração
Quando eu crescesse eu queria ser que nem você
Agora eu já cresci e ainda quero ser
Eu tenho orgulho do pai e tenho cada vez mais
É muito orgulho, meu pai e gratidão...”.