domingo, 9 de maio de 2010

Necropsia

Ele estava ali, tinha certeza que naquela sala me depararia com um cadaver, e nao tinha certeza de qual seria minha reaçao, nao que tivesse medo, pois nunca tive medo desse tipo de coisa, mas somente imaginava como reagiria, qual seria o pensamento que teria ali.
Adentrei ao local, e me deparei com tres homens, um sobre uma mesa preteada, cadaver do sexo masculino, pele faioderma, dentiçao natural em bom estado de conservaçao, cabelos cortados, barba por fazer, tendo por volta de um metro e oitenta; os outro dois manipulavam aquele cadaver com destreza e indiferença.
Eu, parado no meio da sala, observava o procedimento com o maximo de atençao, podia perceber na cavidade toraxica aberta, o tecido adiposo, o intestino, pulmao, pancreas figado…
De souslaio, e com um tom zombeterio, o auxiliar de necropsia, me olhou pelo canto do olho, retirando o coraçao daquele individuo, e disse: esse nao bate mais.
Naquele instante, acho que se decpcionou um pouco pois acreditava que me espantaria com seus dizeres, mas nao, eu estava tao frio quanto ele, e observava todo procedimento com um misto de admiraçao e graça… mas por dentro algo acontecia, imaginava como éramos capazes de fazer aquilo com nosso semelhante, acha uma falta de respeito, uma mera vaidade para atender nossas curiosidades.
Olhava aquele homem que naquele instante jazia sendo costurado pelo legista, e pensava, na verdade dentro de mim ria, com a insignificancia de nossa vida, imaginava aquele homem andando, tomando uma cerveja, rindo com os amigos, com sua familia, querendo ser rei, ganhar na mega sena, os sonhos que teve, e ainda tinha, quem ele feriu, e se arrependeu, quem ele tinha esperança e mantinha a fé de que o faria feliz, retornando … tudo se acabara, se encerrara, todos sonhos se tornaram insignificantes ante a ausencia da vida!
Ficava pensando o quanto somos mesquinhos, e nos iludimos com as imposiçoes de poder, e vaidade que queremos mostrar para a sociedade, me veio a cabeça alguem dizendo, eu sou isso, sou aquilo, faço assim, nao perdoo, nao esqueço, meus inimigos vao me pagar… e neste instante eu senti o que era a vida, vi o quanto perdemos tempo, com nossas futilidades, nos deixando levar por toda ilusao, do dia a dia.
Mal nescessário? Talvez! Mas nao podiamos ser mais humildes e reflexivos, com o que realmente importa, com o amar e ser amado, com a caridade, com a busca por amenizar a dor do próximo, suas angústias, seus medos… Tudo o que nao nos traria retorno finaceiro algum, mas enobreceria nossos coraçoes, enriqueceria nossa alma.

``Concedei-nos Senhor, Serenidade necessária, para aceitar as coisas que não podemos modificar, Coragem para modificar aquelas que podemos e Sabedoria para distinguirmos umas das outras.’’
Reihold Niebuhr

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A pele, a flor e o amor!

O quarto iluminado a luz de velas dava um toque de romântico ao local, os móveis rústicos, sobre a escrivaninha um vinho tinto suave, e duas taças...
O ambiente ecoava amor e prazer, ao som de Erick Clapton, eu via você, parada em frente a parede branca, com o rosto iluminado pelas chamas das velas que dançavam no silencio, daquele instante.
Seus lábios macios semi-abertos, com um sorriso terno disfarçado, entre os cantos da boca, me fizeram aproximar e sorver o resto do vinho que os molhava.
Minhas mãos tocavam firme e carinhosamente seus braços distendidos pelo corpo, ao sentir minha respiração em sua orelha, pude perceber que seus olhos se fechavam, seu coração em batimentos acelerados, talvez por ânsia ou medo do que poderia acontecer a partir de então, tudo me envolvia em um laço terno de satisfação por estar ali, com aquela mulher.
Toquei seu rosto e lentamente aproximei-me de seu pescoço, sentindo exalar o cheiro de seu perfume que tanto me encantava e seduzia... Nossa! ao toque de meus lábios sua pele oriçou-se como se seu espírito quisesse sair para presenciar o belo momento que transcorria, e sentir humano ao menos uma vez em toda sua eternidade.
Sentimento, desejo, pudor, amor! A pele cheirando flores, acordes dissonantes de uma perfeição.
Delicadamente fui retirando sua blusa, revelando os belos seios que um dia alimentaria uma vida que mais cedo ou mais tarde viria ao mundo, e naquele instante bebi daquela fonte divina.. toquei levemente com a boca, passando a língua pelas aureolas, sugando como uma criança os bicos de seus seios ternos.
Minhas mãos pareciam querer abrir a pele, com a ponta dos dedos arranhava seu corpo, esperando encontrar algo eterno deixado por Deus em seu interior, sua alma! Delicadamente beijei seus lábios, em um beijo envolvente e de completa satisfação por estar vivo! Como quem investigava um mapa, esmiucei seu pescoço em meus lábios, descendo lentamente, por seus seios, barriga e Umbigo...
Lentamente retirava a única parte que faltava para revelar-me um anjo esculpido por Deus, em sua mais pura forma, nua como veio ao mundo, pele de neve, quente como o desejo de prazer e carinho que envolvia aquele instante..
Beijei seu púbis como se beija uma criança recém nascida, sentia seu colo como se deitasse no colo de uma mãe a procura de afeto.
Eu que não acreditava em contos de fadas e muito menos em anjos, naquele instante perdia todas minhas certezas do que era real e lógico ä mente humana, para me entregar a uma partícula divina e mágica, dada aos homens por pura misericórdia... o amor!
Nos amamos como se fossemos um só, como se quiséssemos fundir nossos corpos num segredo completo, nos tornando uma só alma! Dormimos ali mesmo, jogados ao chão, abraçados, completos, extesiados por estarmos tão perto de Deus em nossa completude.
E pela manhã, quando acordei, ao te observar dormir, a certeza do que se dera foi ainda mais intensa ao ver o sol reluzir por detrás de seu rosto quando abriu os olhos, em um desejo de Bom dia.