Se pudesse dizer meu mandamento preferido, ou melhor, não o preferido, mas o que guardo com mais afinco, que manipulo com mais destreza, eu diria ser: “não dizer o nome de Deus em vão.”.... não que você seja semelhante a Deus, pois ele é puro e perfeito, pode ser que seja como os anjos, que representam o amor! o certo é que não digo seu nome, me afasto de pessoas que o tenham igual a ti, em minha agenda de telefones, as pessoas que começam com C, foram trocadas por K.
Evito as unhas vermelhas, me incomodam! pois minha ultima lembrança, além das lágrimas nos olhos, foram das unhas pintadas de vermelho, que você nunca havia pintado antes. Nas casas eu só vejo as portas, por que nas janelas não me debruço, e nem deixo debruçarem, temendo ver o reflexo de sua imagem a me olhar indo embora.
O dia de doze de junho, para mim é onze ou treze. Os toques quentes para mim são frios, e o amor, é tão somente sexo, sem significado, sem completude, somente um prazer tênue e limitado. Tudo e nada mudou! As coisas ganharam significados diferentes, pois só descobrir a profundidade de cada toque, cada beijo, cada olhar, cada sorriso, cada instante de amor, cada cheiro... depois que te perdi! E a única esperança, é de não tê-la perdido, prefiro pensar que você tenha me dito: “amor, vou à padaria e já volto”, e eu estou naquele quarto, deitado sobre a cama, olhando suas coisas que têm tanto de você, esperando você voltar. Para descobrir o tudo, tive que não ter nada!
Neste nada que há em mim, neste estado letárgico, catapilético, me encontro envolvo em uma bolha de sabão, que ruma à estratosfera, sem sons, sem contato físico de grande importância, sem chão... é maravilhoso o ato de só observar e não ter discernimento para colocar em palavras e sentir em seu coração o que é real e significante.
Não há certezas, apenas sinto-me como se estivesse somente observando o que ainda virá e esperando... A sensação é de como se acordar pela manhã, com um monte de gente falando ao mesmo tempo ao seu lado, e você sem fixar em algo com profundidade.
Os dias vão se gotejando dos dedos do tempo, e um dia após o outro eu vivo sem entender o que se passa, sem me perguntar o que aconteceu em meu dia, o que preciso mudar, o que foi bom, o que foi ruim... pois não tenho distinção disso! somente sinto que estou vivo, sentindo meu pulso, que indica que meu coração bate, e fico em silêncio em meio ao ensurdecedor grito da vida.
Estou vivo, por uma simples questão: ESPERANÇA! ela me mantém vivo... Se morresse lhe veria todos os dias, veria seu riso sem participar dele, e sabendo que definitivamente não participaria, te veria chorar sem poder te acalmar e aconchegá-la com carinho, veria as noites em que sua saúde não está boa, sem ao menos poder ligar e dizer: pode contar comigo! só a teria após a sua morte, e talvez muito depois, dependendo de como ceifaria minha vida. Em vida, ainda posso ser feliz e completo, nessa realidade ilusória! Morto, não poderia saber o que é a felicidade no que chamam de mundo real.
“...Viver é foda,
Morrer é difícil!
Te ter é uma necessidade..”